(Aah!) Me'mo de chinelo chego no sapato Sempre verdadeiro, mesmo com sapato falso Antes de subir no palco desce do salto O que importa é o que eu faço com a bola Não a chuteira que eu calço Eu sei quem é só pelo domínio Antes ter patrocínio no pé Que ser José do patrocínio Rap hoje tá vestindo jacaré, até Mas no Jacarezinho continua o extermínio Podia ser Pelé, mas jogar na Europa E a torcida faz gesto de chimpanzé Se fosse pa' negar todos os símbolos da escravidão Eu nunca mais usava roupa de algodão Nem botava açúcar no café Tem gente que tem doutorado e tudo E tá fodendo o mundo Tem gente que ensina muito E nem passou do pré Pra ser poeta não precisa ter estudo ou faculdade Precisa ter verdade pa' tá ativa Tirei essa do pote, anote sem pressa O rebote deixa comigo O plot no fim da peça, chicote no inimigo Boicote, ouça o que eu digo Carrego a herança nas mãos Do antigo escravo que colheu o trigo Então te trago mais som Me propago, e assim Prove o amargo do tom Dou um trago no gin Te conto a história do início ao fim Vivo a escrita e uma vida é pouco pra mim Vários anos com os meus manos Estudiosos do rap Rec no boom bap, bolando planos Ciganos, vagando sempre à noite no frio Botando fogo no asfalto igual hot wheels Exercício diário, eu sou usina Meu vício me leva ao sacrifício, ao contrário De quem ganha salário com rima Tô na melhor fase Faço a jogada, meu verso é brasa Igual meu mano, Fabio Brazza, obra prima Sou apenas um cigano Missionário das palavras Oh, mãe, se der certo o plano Ainda te compro uma casa Um latino-americano Um pobre mundano Que nasceu no Brasa No país das armas Eu resgato almas Sempre volto, envolto no véu Escravo das palavras num mar revolto contando estrelas no céu Me revolto com a cena às vezes Solto bases, penso em frases Me interno por meses, me sinto réu O mercado deixa margem, miragem A frente tenta alcançar Mas a imagem se foi de repente Nos vendem sucesso, compramos acesso, e o preço é alto Me diz quem paga mais pra ver seu nome impresso Outro dia um rapper famoso perguntou se eu tinha um carro zero Sabe quantos carros eu tenho? Zero, é sério Não vou levar nada pro cemitério Faço meu império rimando fogo nessas linha', tipo Nero Sampleei mais um boléro No som do violino sou um assassino em série Cê só viu um assassino em série Minha palavra te fere Não acharam a arma do crime Risquei o número de série Quer alguém pra sugar Arranja um sugar daddy Eles querem me ver pelas webcams Meu dedo na caneta faz pole dance E minha rima tá tão foda, mais tão foda Que eu só vou lançar essa daqui no OnlyFans Posso rimar o seu beat, posso mudar o meu flow Posso rimar no speed, posso rimar no slow Só não posso virar uma bitch Em busca do kit e mudar quem eu sou De primeira classe no voo Mas não esquece de comemorar com quem deu o passe pro gol Sou apenas um cigano Missionário das palavras Oh, mãe, se der certo o plano Ainda te compro uma casa Um latino-americano Um pobre mundano Que nasceu no Brasa No país das armas Eu resgato almas Sou apenas um cigano Missionário das palavras Oh, mãe, se der certo o plano Ainda te compro uma casa Um latino-americano Um pobre mundano Que nasceu no Brasa No país das armas Eu resgato almas La-laia-la-laia-la-laia-la-laia-la Oh-ooh La-laia-la-laia-la-laia-la-laia-la Oh-ooh La-laia-la-laia-la-laia-la-laia-la Oh-ooh