O futuro não é um desenho dos Jetsons Os novos Thomas Edisons Querem dominar o mundo através dos seus headphones Vocês estão preocupados com as ações da Dow Jones Escuta meus sons Eu tô tão à frente que até o Elon Musk quis comprar minha mente É sério bro, querem congelar meu cérebro Olha o Brazza com o mic na mão Irmão, é tão incredible Quando eu rimo eu assino um cheque sem fundo Sem precisar de money Me sinto agora o homem mais rico do mundo E eu pergunto: Vocês precisam assinar quantos cheques? Pra sentir o que eu sinto toda vez que eu canto meus raps Space X quer achar vida em outro planeta Duvido achar mais vida que essas que eu botei na minha letra Eu sinto que alguém me vigia (quem?) Eu sinto que alguém me controla Com o telefone no bolso tem um espião na minha cola Seria FBI ou CIA? Eles querem que eu compre em dólar Mas se eu ganhasse numa loteria Eu faria o mesmo que faço agora Então pergunta lá pro Mark Zuckerberg Quem é que vigia os mendigos que estão na rua sem albergue? Indigentes dos dados não servem pra dar lucro pro sistema E nem no Google Street Views tem quem os enxergue Não quero meus pés na calçada da fama Enquanto houver os pés descalços na calçada da fome São Paulo seus prédios são lindos Mas enquanto tiver gente dormindo na rua O hip-hop não dorme Viva o progresso! Onde a realidade é tão sórdida Que a felicidade é viver no Metaverso Ainda bem que eu tenho a caneta e o verso E o sonho e ter a senha de acesso Viva o progresso! Onde a realidade é tão sórdida Que a felicidade é viver no Metaverso Ainda bem que eu tenho a caneta e o verso E o sonho e ter a senha de acesso Nem sempre minhas palavras agradam Às vezes agridem e quando colidem matam Veias dilatam Os pulsos palpitam Expulso meus demônios E escuto quando os neurônios gritam Meu cérebro cria sinapses Minha mente cria sinopses E as minhas ideias atingem ápices Pensamento se eleva como Acrópoles Eu escrevo a realidade de lápis Não em lápides Fui lá pedir pra Sócrates Não toma cicuta, me escuta Mas ele preferiu ouvir o que o copo diz E entre o que o homem fala e o que o homem vive A diferença entre ter liberdade e ser um homem livre Para que a gente suporte o mundo em decomposição Precisamos de doses de alienação Mais forte Ninguém mais quer pensar A profissão poeta tá em extinção Como ursos no polo norte Viver da arte e resistência nessa sociedade em decadência A onde toda arte é só um produto E o que não vende vai pro duto Pra algum esgoto do algoritmo Onde jaz mais um diamante bruto Nessa prisão moderna As grades não são feitas de medo Mas de prazeres E através do seus quereres Aumentam seus alqueires Presos, nas nossas vontades tão pueris Com a caneta e o papel tento cavar um túnel Que me tire dessa cela, dessa tela, desse cell Hoje já não sei se cavei uma saída Ou cavei minha própria cova sonhando em alcançar o céu