Não queria te ver na maca cuspindo sangue, quase morto No hospital, com uma pá de tiro, tomando soro Nem catando Pioneer do Escort Nem enrolando a língua, morrendo de overdose Esquece a 12, o cachimbo, a rica cheia de joia Já vi, por um real, bisturi de legista em muito noia Não seja só mais um número de estatística Um corpo no bar, vítima de outra chacina É embaçado saber que a propaganda na TV De carro, casa própria, não foi feita pra você Saber que, pra ter arroz, feijão, frango no forno Tem que pegar um oitão e desfigurar um corpo Entendo o motivo, sou fruto da favela Sei bem qual a dor de não ter nada na panela De dividir um cômodo de dois metros em cinco Um quarto sem luz, água, sem sorriso Só que, truta, o crime é dor na delegacia Choque, solidão, agonia Te dão uma ponto 40 com silenciador e mira Pra você estraçalhar com o caixa da padaria Da mercearia, drogaria Pra que, um dia, sua família reze sua missa de 7° dia O boy de Rolex, Cherokee vidro fumê É armadilha do sistema pra matar você Não caia na armadilha, siga a minha apologia Mesmo de barriga vazia, esquece a joia da rica Não caia na armadilha, siga a minha apologia Sua missa de 7° dia tá de importado na avenida Corrente de ouro, carro do ano, tudo ilusório Farinha, bicarbonato, velório Traficante, vi vários, com uma pá de funcionários De BMW, dando dinheiro pra delegado Comemorando o ano novo descarregando a traca pra alto Terminando sem um centavo, na 12 do soldado De fuzil, granada, 9 Nunca ninguém voltou com um malote do carro-forte Sempre o mesmo fim: Mãe chorando no caixão O mano planejando rebelião na detenção Mordida de cachorro, esculacho do GOE Só quem tá lá dentro sabe o preço de matar o boy Sei que é muito pouco sonhar apenas com comida Quem não quer ter uma casa com piscina? Um cargo bom ao invés de comer lixo? Um carro importado, último modelo, esportivo? Só que o conforto não vem através do revólver Do sangue da refém milionária temendo a morte O gambé não quer saber seu motivo Quer sua cabeça na parede, igual um porco abatido Não interessa se é pro remédio da sua mãe Pra fumar crack ou beber champagne Se invadir o condomínio, gritando assalto Caiu na armadilha, até no teto vai ter seus pedaços Não caia na armadilha, siga a minha apologia Mesmo de barriga vazia, esquece a joia da rica Não caia na armadilha, siga a minha apologia Sua missa de 7° dia tá de importado na avenida Querem você virando a cadeia, matando estuprador Exigindo o governador, o juiz, corregedor Querem você num Opala, metralhando um bar Chacina de número 300 pro SPTV noticiar Por isso não tem um de nós no Congresso, na Câmara Aqui é só ladrão em estado vegetativo na cama Ou na cadeira de roda, tiro na espinha Por um par de tênis, um risco de cocaína Nossa vida vale menos que um real Aqui pobre só presta pra doar órgão no hospital Por isso, vai pro colégio tentar ser arquiteto Não faça os porcos aplaudirem mais um noia analfabeto Que bate na coroa pra fumar o rádio Dá bonde em traficante e amanhece esquartejado Pega sua 380 e faz a planta do banco Atira no segurança, chuta o refém que tá chorando Cata o malote, esvazia o cofre Descarrega na cabeça do gerente sua 9 Ou põe a roupa de carteiro, pra enganar o porteiro Enquadrar o prédio inteiro e roubar joia, dinheiro Pra às 6 horas eu te ver no Cidade Alerta Algemado, com hematoma, tipo cachorro, numa cela O sistema tem que chorar, mas não com você matando na rua O sistema tem que chorar vendo a sua formatura! Não caia na armadilha, siga a minha apologia Mesmo de barriga vazia, esquece a joia da rica Não caia na armadilha, siga a minha apologia Sua missa de 7° dia tá de importado na avenida