Não cuido mais nem de mim Nem mesmo sei que dia é hoje E o que me vai por dentro Não adivinho, não deduzo Talvez Seja falta de carinho ou de barulho Seja falta de vergonha ou de remorso Tudo que é torto, troncho, descabido, enorme Tudo que é tão triste Tão triste, amor Eu vou Sorrindo e não escovei os dentes Não cortei as unhas Nem aparei os cabelos A minha imagem no espelho Me diz que eu tô vivo E nem quero saber qual a tua opinião Que eu sei que transo loucuras Em meio a fel, café com leite, alcatrão Entro pela rua que vai me levar À casa daquela ingrata E eu nunca vou chegar Descolo uma nota preta, uma mulher barata Eu curto e descurto Eu ponho e desponho Eu faço e desfaço A minha solidão E enfim é assim que me salvo É assim que me viro e reviro O resto é morte, contração cadavérica Bom gosto Putrefação