Moleque de calças curtas Namorava a correnteza Do rio de duas nações Estrada da natureza Meu pai cruzava lá longe Não mais que uma mancha branca Eu que tremia de frio De tanto olhar o rio Me fiz parte da barranca O meu pai foi pescador Balseiro e contrabandista O rio foi sua morada E a vida sua conquista Minha mãe lavava roupas Até o sol se esconder Eu que por ali andava Ao rio me acostumava Pois dele iria viver (Meu pai ia pro trabalho Movido pela esperança De uma vida melhor Pra mulher e a criança O grande sonho do velho Era que eu fosse doutor Ele foi o meu espelho Não segui o seu conselho E hoje sou pescador) A vida de peão costeiro A ninguém eu recomendo O que não sofri na infância Agora estou sofrendo Os anos foram passando Muita coisa aconteceu Foi-se a minha ilusão Hoje é só preocupação Pois agora o pai sou eu Moleque de calças curtas Namorando a correnteza Do rio de duas nações Estrada da incerteza Meu filho lá na distância Não mais que uma mancha branca Eu cá no meio do rio Sinto no seu assobio Parte de mim na barranca (Meu pai ia pro trabalho Movido pela esperança De uma vida melhor Pra mulher e a criança O grande sonho do velho Era que eu fosse doutor Ele foi o meu espelho Não segui o seu conselho E hoje sou pescador)