Voltei pro passado em um breve instante Pra ouvir o berrante que meu pai tocou O arroz socado no velho monjolo Milho descascado em nosso paiol A junta de mula, a tropa selada A cerca esticada, a vara e o anzol A velha enxadinha encabada em guavira Com ela eu carpia de Sol a Sol Lembrei do corguinho que vinha da serra Tocava o moinho e aguava o varjão Da vaca maiada que servia o leite Nas noites de Lua, o fogo de chão No fogão à lenha panela chiando O feijão de corda, o cabresto e o bridão No rádio, seis horas, a Ave Maria Café de chaleira, o queijo e o pinhão Porcada, cevada, a roça bageada Cuitelo cantando no pé de algodão Domingo eu ia lá no povoado Jogar carteado no bar do João E depois da missa eu vinha sonhando Com a Mariazinha, fia do patrão No turvá do dia fechava as galinha Partava os bizerro lá no mangueirão Agora me vejo de volta ao presente Sem ter minha rede e meus pé de feijão Moro na cidade com muitos vizinhos Barulho de carro e muita confusão Chego do trabalho cansado e tristonho Pensando na vida que eu tive na mão Mas com fé em Deus ainda eu volto Pros dias tranquilos lá do meu sertão