Uma imagem mostra a história por si mesma Mas eu insisto em contar minha versão Pois foi um tempo que quem viveu não esquece Vive cravada na memória de um peão Eu tenho hoje a altura da porteira Que eu subia pra falar com meu avô Ia com ele buscar água lá na mina Tempo igual esse, só entende quem passou Nunca faltava um cachorro companheiro Gado no pasto e um cavalo marchado O lampião à querosene, eu me lembro Muitas violadas ele já iluminou Nas noites frias, uma pinga e o aconchego De uma morena que espantava a solidão A Lua cheia iluminava o caminho E os vagalumes me indicavam a direção Mas nessa vida tudo muda de repente E o meu sertão eu tive que abandonar A minha mãe, coitadinha, ficou doente E na cidade tivemos que vir morar Invés de mina, hoje só temos torneira Nem imagino de onde a água vem pra cá Não sei o Nome nem mesmo de meus vizinhos E um pesadelo estar aqui neste lugar Já fiz promessa a São Gonçalo do Amarante E brevemente eu volto para o meu lugar Ver a roseira soltando suas sementes E o gavião voando livre a caçar E pra cidade só voltarei de passagem Por precisão de alguma coisa pra buscar E lá na roça viverei eternamente Juro por Deus que não sairei mais de lá