Num concurso a minha aldeia ganha o prêmio com certeza De nenhuma se arreceia porque é a mais portuguesa São talvez muito mesquinhas, mesmo as casas principais Mas no verão as andorinhas fazem ninhos nos beirais Na minha aldeia não há ódio, mas estimas Tem-se amor à vida alheia, todos são primos e primas Sem ambições, cada qual seu pão granjeia E a noite há serões, à luz da candeia Animais e criaturas dormem sempre com afinco Pois não há lá fechaduras, fica a porta só no trinco E aos domingos de manhã Junto a fonte há namoricos Vai a gente a missa Reza e vem mais sã Na minha aldeia não há ódio, mas estimas Tem-se amor à vida alheia, todos são primos e primas Sem ambições, cada qual seu pão granjeia E a noite há serões, à luz da candeia