Eu no verão canto lá na praia E no inverno caio na farra A minha sogra é muito fofoqueira Lá no meu rancho tá preta minha barra Ela diz que tenho que pegar no pique E tocou-lhe fogo na minha guitarra Eu qualquer dia arrebento as maneias E saio campo a fora esparramando as garras Por eu viver de trova a cantoria Ela me apelidou de Francisco cigarra Casa que eu moro é da minha sogra A minha mulher é dela também Topei a bucha e fiquei quietinho E me xingar direito ela não tem Morar com sogra nem o diabo gosta Mas eu não posso me mudar também Ela diz que morre e não me deixa nada Vai dar pra filha tudo que ela tem Eu não me importo, afinal de conta Se a mulher é rica eu sou rico também Já descobri vou dar um jeito na velha E já bem sei o jeito que vou dar - Eu vou dizer pra ela que no inferno é bom Que eu já falei com quem morou por lá Eu vou mentir que o diabo é um estancieiro E que é solteiro e que quer se casar Lá tudo é rico e que ninguém trabalha A gente de cá tem que trabalhar A velha é ambiciosa e em tudo acredita E eu iludo a bruxa até ela se matar Depois de morta pode ir até pro céu Que eu fico na terra com o dinheiro dela De dez em dez anos eu rezo uma missa E nos finados eu acendo uma vela A esportiva que eu posso ganhar E me livrando dessa tagarela Daí então eu começo a estudar Pra quando morrer dar uma de vivo nela Se ela ir pro céu eu largo pro inferno Só para não ter de me encontrar com ela