Vem, meu amor Chora em meus braços Chora o elo de seu amado perdido Chore a dor dos prazeres escassos Eu não lhe digo: Pare! Pois por mais que eu fale Usas em mim a indiferença ardida Ao meu ouvido: Chore! Pois por mais que sare Não morrem aqui suas lembranças de vida Agora largo meu ombro, deixo-lhe ao chão Rogo praga ao lembrar de tua ingratidão Cuidei de ti, sofri, lhe ofereci paixão Hoje não peça nem que aqueça o teu frio colchão À tua morte, digo forte Que por ti chorei em vão Ninguém condena a própria sorte Por medo de azaração Mas a alma verdadeiramente forte É aquela que cospe e não cai no chão É aquela que usa o doce do mar Para salgar a razão É aquela que se faz de exata para amar E se perde na mais vil ilusão É aquela que se estreita no vasto deserto E procura espaços num cerrado O verdadeiro corpo não é o que se faz de esperto É o que sabe a diferença do certo E do errado