Já não é conversa de um ou dois Sem essa de vamos deixar pra depois É um desejo que está cravado em nossa crença Real feito enchente e morte seca escândalo doença É como se os trens lotados clamassem a cada manhã Igual ao golpe de gol do peito do maracanã Se os gritos de incêndio louvam a água ao invés do fogo Desobedecer as regras as vezes melhora o jogo Que nem a greve geral parando pra movimentar Ressaca pulverizando as pedras no quebra mar Tal qual a explosão bonita nos dias de carnaval Fervor de sobrevivência das feras do pantanal Clarão milhos invadindo o escuro dos celeiros Milhões de grãos refulgindo entre as unhas dos mineiros Como se os caminhoneiros transportassem nova carga Ou a memória e o futuro buzinando nas estradas O bêbado muito louco fica sóbrio de emoção A equilibrista solta a sombrinha e vem pro chão O povo abra e roda dança aqui ali e acolá Uma só voz na ciranda canta pra melhorar Do Oiapoque ao Chuí ciranda Ciranda povo sem fraquejar De Marajó aos confins dos Pampas Ciranda povo pra melhorar