Se digo um pardal, importa que seja brasa? Brasa é como o som de minha harpa bárbara Digo, então, um pardal, como se nota errada E o que disse é brasa, puro som, nuança exata A verdade é eu sempre inventá-la do nada Se digo um pardal e queria dizer estrada Verdade é coisa nenhuma sobre a inventada, importa mais o erro sob essa outra palavra Um pardal que disse pode conotar torso Quiçá outro nome para a palavra sonho Um pardal diz somente um seu leve contorno Nada mais diz que arrodeio, trapaça e jogo Se disse um pardal, perdoe-me: quis dizer falha Não de ter dito o que disse está intáctil senha Mas a de ser a palavra só nevoa e vaga Que nada amargue o doce engodo de um poema