O caipira tira seu fumo de corda Pica o fumo enrola enrola E com esperteza na cachola Observa aguarda e olha. A água no rio que já não é a mesma O verde da mata já não tão verde O domínio dos carros já não de bois A poupança dos homens enganando o depois. O caipira pira com vosmecê Ilusório mundo ocidental Tão doce mundo fatal Quase no fim do viver. O caipira pira com sua zanzação E seu cigarro engana a fumaceira Que sai da fábrica primeira Que o mandou embora da região. O caipira senta e não sanga No toco de árvore que já foi Relembra um gesto de manga E cumprimenta a gente com 'oi'. O caipira mira o horizonte do dia Agora vê que o sol vai alto Sente a falta da sombra que havia Entende o parecer dos incautos. Que tomam tudo da mãe natureza E ao pobre pouco dão na mesa Sabe que a vida é como a fumaça de palha Uma leve brisa que se espalha.