Se apenas uma escolha me restasse, eu levaria o pôr-do-sol, ou se uma só herança me bastasse, um rouxinol que cantasse a dor das distâncias e curasse essa saudade a me invadir enquanto eu canto, sobretudo quando chove. Se toda a poesia, numa palavra, eu ficaria com "jardim" e, um tipo só de arbusto ali se lavra, o alecrim, concentrando o cheiro do longe, acalmando essa saudade a me invadir enquanto eu canto, sobretudo quando chove. E chove, e chove, chove sem parar, enquanto eu canto, canto, ao te esperar. Se cada vez que eu penso no teu rosto, vento virasse um vendaval, desabaria o céu com muito gosto, que temporal! Tormenta no mar da memória, rimando com essa saudade a me invadir enquanto eu canto, sobretudo quando chove.