Mamãe, cansei da vida em ponto morto Vou botar naquela estrada O meu par de tênis rotos Desgastados do meu caminhar Mamãe, vão mais de vinte anos Que vagueio em veredas E por tantos labirintos Que me deixam no mesmo lugar Oh! Mãe, me dê sua bênção E prepare o meu pão Com o sal de tuas lágrimas E o calor de tuas mãos E aquele livro de autoajuda Troque por um bom Neruda Ou por uma calça nova Algo pra você usar E vou atrás do meu lugar ao Sol Não espero nem o arrebol De mais um dia cinza Mamãe, pra que o choro nesse olhar? Não é desaforo caminhar Atrás do meu quinhão Eu vou Oh! Mãe não vê que eu falo sério Mas naquele cemitério Está cheio de homens sérios Presos nessa ilusão Mamãe eu volto rico ou volto morto Mas aqui mesmo é que eu não fico Não nasci pra ser só isso Vou pegar o estradão