Lá vem, lá vem Serpenteando sobre os trilhos Bem antes do Sol com seu brilho O trem cotidiano E no vagão que me descubro Peão de obra, sem escudo Encabulado e mudo E meu olhar distante Canteiro, peão se dobra Feito piolho de cobra Vida sem muita sobra E o mesmo trem que leva, traz Sempre para o mesmo lugar Lá vem, lá vem Um sonho a mais no fim do dia Fim de semana de alegria De futebol e nada No fim do mês, um novo sonho Um brinde, um trago à velha vida Me deixa a garganta ardida E o meu corpo solto Terreiro é meu canto certo Batuco um samba esperto É meu anti-deserto Ainda mais quando você Me leva pra outro lugar Canteiro, peão se dobra Feito piolho de cobra Vida sem muita sobra E o mesmo trem que leva, traz Sempre para o mesmo lugar