Meu berço é o berço que tudo semeia Areia escamada, estrelas no chão Um cisco de fogo riscando a noite Me banho nas fontes, no aluvião Riscando a noite um rastro de fogo De ouro e do ouro forjei união Nas mãos do tempo me aliei E enfeitei outros irmãos Até que um dia pele alva que surgiu Cruelmente e ardil desfraldou suas bandeiras Meu brilho faiscou em cada olhar No afã de me encontrar Sangrou essa terra inteira Ô, ô, ô, violaste o paraíso Como luz, retornei ao infinito Fui fogo que desceu da imensidão Pela vida dos meus filhos não terás o meu perdão Trouxe a chama da rebeldia Findei grilhões, risquei alforrias Fé, foi a fé Que me reconduziu ao ribeirão Carregada de axé Yalodé me deu as mãos Lapidamos encantado paraíso Para a graça de meus filhos Que hoje cantam em oração Orayeyêo, orayeyêo Mãe de ouro, abençoa esse chão Ponte aérea, o meu eldorado Bordado em ouro é teu pavilhão