Moramos num fundo de campo, que até o nosso santo fica sem sinal Mas oiga-lê vida bagual, comendo torresmo, granito e mandioca Pintamos o pé na biboca, torrão missioneiro da terra vermelha O pingo, o cusco e as ovelhas, para muitos é pouco pra mim tá especial O meu rancho foi feito com amor, com trabalho e com suor deste peão que vos fala No frio campeava de pala, eu domava e maneava o calor O simples tem muito valor, porquê o pouco que temos é muito para tantos Sou grato por nosso canto, e por isso agradeço ao nosso Senhor Eu canto a minha terra, e não falo lorota Eu firmo a minha bota, e não frouxo o garão Falar do meu chão, é a emoção quê me brota Vem do fundo da grota, do meu coração A taipa do meu coração, se rompeu com a emoção de falar da minha gente São mapas que vêm da vertente, do fundo da alma e o tiro é certeiro Não é só por ser missioneiro, mas tenho família e um rancho abençoado E amigos que amo ao meu lado, por isso eu vivo feliz e contente Encerro esses versos, deixando um abraço xinxado de três volta e meia A todos os quê são da peleia, extraio cultura nos tempos atuais Pois isso vem dos ancestrais, seguimos voltando e vivendo nos trilhos E assim eu ensino aos meus filhos, o jeito que um dia aprendi com os meus pais