De manso ascende A luz de cada pouso Bem antes do dia Na sede da estância De madrugadinha Enquanto o galo pensa O que cantar depois Sempre tem aquele Que se levantou mais cedo Antes das quatro e meia Pra soprar as brasas E o fogão clareia Consumindo as tramas Do alambrado que se foi Um a um se achegam Às vezes de a dois Só pra cevar seu mate Que mate a sede da noite Que passou bem mal Rondando o próprio quarto Pra pelear com o mosquital Agarra a alça arame de rabicho Cambona de lata meio caborteira Não facilita que ela se desata Esparramando a erva pela cuia inteira Grita o caseiro Pega a da frente! Essa que tá más quente! Deixa essa outra Que mate bueno Pra ser bem cevado Tem que tá espumado Que nem bocal de potra Ressona a campana E a cozinha chama Quem tiver com fome Pra tomar café Apura o passo quem tem empreitada Que saco vazio nunca para de pé Não para de pé Não encilha cavalo Não espicha arame Realçando os calos E lá embaixo no tambo Os home segue lidando Pra encher os tarros Apesar das risadas Nem tudo é alegria Pra quem vive lá fora Nesse dia a dia Entre macega queimada Pela geada quebrada Da antiga sesmaria É encilhar veiaco Queira ou não queira Saindo ao tranquito Pra evitar peleia E o maula empurra a cacunda De quando em vez uma tunda Já na segunda-feira Engrossa a cana do braço No cabo do machado Com as orelhas zunindo De escutar os estalos Só não garanto até quando Os home segue lidando Nesse mesmo embalo!