Tive um cavalo cambraia que eu mesmo dei disciplina E nas lidas de rotina o tempo nos fez parceiros Vem com o potro todo branco alumiando a prataria faceiro Me conduzia na direção dos luzeiros Com este flete de lei peito alçado igual cegonha Eu nunca passei vergonha lançando em festa campeira E cruzando um rio a nado ganhava porto em seguida Com ele fui bem de vida batendo pata em carreira Quem se criou gauderiando entre coxilha e galpão por certo Me dá razão quando às vezes prendo um grito E digo que um pingo amigo é o mais bonito regalo Por que ginete e cavalo são lenhas do mesmo angico Se às vezes nós passamos farreando pela cidade São coisas da mocidade que o próprio tempo perdoa Derrubar porta de venda Carregar uma crinuda eram proezas miúdas que eu tinha por coisa boa E hoje morando longe eu lembro deste parceiro relinchando no potreiro Na hora do entardecer mais foi feliz é o que importa vagando No campo aberto todos morrem, isso é certo, mais poucos sabem viver Quem se criou gauderiando entre coxilha e galpão por certo Me dá razão quando às vezes prendo um grito e digo que um pingo Amigo é o mais bonito regalo por que ginete E cavalo são lenhas do mesmo angico