Lá vem o vito solito, entrando no bororé E o cusco brasino ao tranco, na sombra do pangaré Chapéu grande, lenço negro, jeitão calmo de quem chega A tarde em tons de aquarela, lembra um quadro do berega Um flete troteando, alerta, bufa e se nega pra os lados E uma perdiz se degola no último fio do alambrado Apeia na cruz da estrada e o seu olhar se enfumaça Saca o sombrero em silêncio, por respeito à sua raça Lá vem o Rio Grande a cavalo, entrando no bororé Lá vem o Rio Grande a cavalo, que bonito que ele é Procura à volta do pingo e alça o corpo sem receio Enquanto uma borboleta senta na perna do freio Inté interte o cristão que se cruza campo a fora Mirar a garça matreira no seu pala cor de aurora Pois lá num rancho de leiva que ele ergueu com seu suor Fica o sonho por metade de quem vive sem amor Num suave bater de asas, cruza um bando, sem alarde E as garças e o Vitor somem lá na lonjura da tarde