Bandiando o norte da minha terra legendária Do lado oposto de quem passa o matador Tinha um surungo minha balda de índio moço Onde eu dançava de espora e tirador Atava o zaino no moeirão de guamirim Ia pulando no entre meio das aguadas Bota furada e quem me deu não me dá outra Cheia de pelo da pandilha da potrada Dá-lhe gaitaço surungaço noite afora Pouco demora e o Rio Grande já clareia Faltava espaço pra mostrar tudo que faço Sobrava laço no estrondo da peleia Dentro da casa dava um viva pro gaiteiro Pois conhecia o sistema do salão E o chinaredo gostava de pataquero E eu sou nojento quando danço um vanerão De lenço rubro atirado sobre os ombros Ponta do pala ia batendo nas garrafas De vez enquando emborcava a cangibrina E a mão da china quase dentro da guaiaca Dá-lhe gaitaço surungaço noite afora Pouco demora e o Rio Grande já clareia Faltava espaço pra mostrar tudo que faço Sobrava laço no estrondo da peleia Acomodava o coração passarinheiro Olho no olho a paixão vem em seguida Ronca a saudade aconchego dos gaudérios Legenda guapa que cruzou na minha vida Faz três ontonte eu cruzei naquele cerro Tudo mudado pelo braço do povoeiro Fechei os olhos como quem procura um sonho E vi o rosto de antigos companheiros Dá- lhe gaitaço surungaço noite afora Pouco demora e o rio grande já clareia Faltava espaço pra mostrar tudo que faço Sobrava laço no estrondo da peleia