De margens largas de água doce chegava um rio numa região E da Mantiqueira corria uma água que na minha infância era o mar na imaginação E lado a lado crescia o menino e morria o rio que desistiu de ver o mar Se a água era doce a terra salgada e a vida amarga de não ter vingado por lá Mas o vale era tudo que ele conhecia E na dança das águas a vida seguia E eu desavisado em casa acordei com o rádio gritando que o mar tinha virado sertão La laia lalaia que a terra arrancada por homens e máquinas fez velho moço aprender o que era a destruição Ó Deus ouça as preces de cá Quando o pobre ajoelha na lama pedindo de volta essa vida que a sede do ouro veio arrancar Alguém vê se pode explicar Se o pão que partiste não mata a fome do jovem sem nome que paga os pecados do homem de lá