Já não se avista querência Nos campos do Amaricá A sombra cobriu os campos Das invernadas de lá E um negro, de riso franco Chapéu torto e bichará Encilhou bem um tordilho Sabe Deus onde andará Já não se avista o serviço Nos campos do Amaricá A cavalha, por mansa Foi fácil de embuçalá E o gado-rodeio grande Que era lindo de avistá Cruzou o arame de novo E bandeou pro lado de cá Já não se avista existência Nos campos do Amaricá Onde uma herança de muitos Não teve ninguém pra herdá E a floresta tomou conta Deixando bem como está Sombra, mato, solidão Tapera e caraguatá Já não se avista horizonte Nos campos do Amaricá E a história de tanta gente Aos poucos, se acabará Nunca mais a peonada Fazendo um xaraxaxá Vai trazer gado matreiro Das grotas do Camboatá Já não se avista um recuerdo Nos campos do Amaricá Quem fecha os olhos pra dentro Somente assim lembrará Das madrugadas clareando No bico de um batará Pois a saudade machuca Com espinhos de açucará Já não se avista poesia Nos campos do Amaricá Pra sombra tem pouco verso E quase rima não há Só resta uma nostalgia No bico se um sabiá Junto da sanga correndo Pros rumos do Deus dará