Cada palavra que eu canto Tem cheiro de terra e pasto E a melodia dos bastos Num douradilho estreleiro Rimo carona e basteira Com pelo e lombo suado E assino o nome do lado Com um par de espora campeiro Ajeito um toso na crina Na cola só aparo as ponta E a tradição já me aponta Que eu até de quatro galho Pra mim, nem é mais trabalho As madrugadas de encilha Quem, bem cedo, se enforquilha Acha melhor os atalho Sou verseador de campanha Tenho a palavra ligeira E um sotaque de fronteira Cunhado de argumento Eu me afino qual tento Quando a cordeona se assanha Ainda mais se uma canha Adoça o meu pensamento De há muito venho cantando Aquilo que sei e penso Não sei se a cor do meu lenço Rima com a boina tapeada Meu lápis ponta quebrada Já fez mil versos de amor Me garanto verseador Me aponto e volto pra estrada Eu li num livro, estes dias Umas palavras bonitas E atei com laço de fita Pra entregar pra minha prenda Nestes versos de encomenda Deixei um beijo pra ela Que me acenou da cancela Quando eu chegava na venda Por este mundo de Deus Já cruzei tanta biboca Que, vez em quando, alguém toca Meus versos não'algum galpão Escuto o som de um violão Dedilhando só nas prima E vou encordoando as rimas Pra o causo de um milongão