Pela boca de um homem nasce uma mulher Ela riu no parto, em um hospital qualquer Foi tomada à Bastilha Ela que dançava antes de engatinhar Ela que corria antes de aprender a andar Mundo podre, eis minha filha Eis minha filha Fez arder pulmões Um novo ar se apossou Dilacerou E quem chorou, afinal, fui eu Pois nunca estive longe e provei da imensidão Eu nunca estive perto e toquei a solidão Mundo podre, eis minha filha Tiros disparados eram fogos pra dançar Ela que corria, aprendera a voar Foi tomada à Bastilha Fez arder pulmões Um novo ar se apossou Dilacerou E quem chorou, afinal, fui eu Meu Deus Por que secar onde molhamos E enxarcar com nossos prantos Será de dor o teu oceano O teu oceano O teu oceano O teu oceano Quando este mar Se diluir e desabar Pai, tu verás o que tornei Quem fui lhe mostrarei Pois sou aquela gota de sua última manhã À espera que corresse e voltasse ainda sã Eu sou Bastilha A tua filha