No meio do rio, a tarde chegou Na margem direita, juriti cantou Na água escura, joguei meu anzol Olhei para o céu, mas não vi o sol O vento soprou, e na brisa fria Pensei ter ouvido uma voz que dizia Eu sou o Rio das Velhas Meu berço é Minas Gerais Percorro os vales de pedras Mas estou cansado demais Remei a canoa, um tanto assustado Parei em um poço bem do outro lado Pensava ser fruto da imaginação No meio do vento, a estranha canção Lancei meu anzol, caiu na corrente O rio agitou-se, ouvi novamente Eu sou o Rio das Velhas Meu berço é Minas Gerais A minha água é de todos Os povos desses arraiais Então, dessa vez, eu tive certeza Que era um lamento da mãe natureza O rio seguia chorando a sua dor Feito uma criança carente de amor Recebendo tudo o que vão despejando Vai morrendo aos poucos, assim se calando Eu sou o Rio das Velhas Meu berço é Minas Gerais Se não deixarem que eu corra Um dia eu não serei mais