A chuva já passou e o céu vai se abrindo Aos poucos a vida no chão vem ressurgindo Transpõe as montanhas até o luar Até onde a morte não pode alcançar Num certo povoado em tempos medievais Em penas e papéis, versos e madrigais Um jovem cavaleiro boêmio, trovador De berço muito nobre, filho de mercador Lutou em outras terras e viu tantos horrores, a injustiça da guerra Seus delírios e dores. Sem entender os homens e aquela violência Percebeu que a glória era só decadência Deixou a espada e a montaria, pois tinha o Sol por sua companhia Deixou a armadura e o estandarte, pois tinha o canto, a viola e a arte De uma forma estranha sentiu no coração, um pulsar de quietude Febre de compaixão e um calor que fazia o seu corpo tremer Tão forte que alma mal podia conter Ele então, de repente, foi deixando pra trás A herança, a nobreza e a casa de seus pais Depois saiu cantando pra toda a realeza Que era irmão da Lua e esposo da pobreza As pessoas diziam que era uma enfermidade Uma grave doença, pura insanidade Mas o jovem poeta se tornou vagabundo Por não ver mais as coisas com os olhos do mundo Descobriu que a grandeza mora na humildade E que a maior riqueza é a simplicidade Pelas praças e ruas e arredores de Assis Se espelhando em seu Mestre, ele era feliz