Eu vou na boa Seguindo meu caminho Venci minha cota de vacilo Agora tô no sapatinho Sussa na paz Procurando não errar Porque já errei demais Moleque inconsequente Sem perspectiva Sério candidato A ser mais um José da Silva Trampar o dia inteiro Pegar busão lotado Pra vim no fim do mês Uma merreca de salário As portas pro errado são fendas no chão O caminho a ser trilhado é breu, escuridão Pra cair é um dois Pra sair o bicho pega Vida boa vicia Quem é que não se apega Ganhar mais dinheiro Que se pode gastar Luxo, mulher quem é que não gosta? Um castelo na favela Só nave na garagem Tudo num estalo É só ter coragem De por o seu na reta E em jogo a liberdade Não parece muito Comparado a realidade De qualquer um Na periferia Preso no veneno Na labuta dia a dia Saem de manhã Voltam já escureceu A geladeira vazia O aluguel já venceu Além da responsa Do trampo indigesto Convencer o filho Que é bom ser honesto A molecada cresce no meio da bandidagem Observa e analiza As duas realidades E cai no dilema sobre o que eles quer (viver muito como um rei ou então pouco como um Zé?) Dificuldades da vida São incentivo incitam Te cercam e pah Te contaminam Cê faz de um bico serviço Ignora o risco Dinheiro come o juízo E vai caindo no abismo É o começo do fim Do desgosto Condenado a viver Com a corda no pescoço Lidando com gente Da pior espécie Polícia e bandido Juntos num mar de fezes Quem vacila cai Se pá é julgado Ajoelhado Calado Sem direito a advogado O poder paralelo dita a lei a ser seguida O que acontece aqui Aqui mesmo fica Vida boa tem preço Seja qual for o meio Legal ou ilegal Você paga de qualquer jeito Não tem jeito Muitos não veem alternativa Outros percebem a tempo Que aquilo não é vida Ressuscita Quando acho a saída Do lado de fora vê no que tava metido Agradece A segunda chance Lembra sem saudades da vida que tinha antes Eu vou na boa seguindo meu caminho Venci minha cota de vacilo Agora tô no sapatinho Sussa na paz Procurando não errar porque já errei demais