Em vésperas de caldeirada no outro dia Já que o peixe estava todo reunido Teve o Goraz a ideia De falar à assembleia No que foi muito aplaudido Camaradas principio ordem do dia É tudo aquilo que for poluição Porque o homem que é um tipo cabeçudo Resolveu destruir tudo, pois então! E com tal habilidade, intensidade Nas fulguranças do genio Que transforma a água pura numa espécie de mistura Que nem tem oxigénio E diz ele que é o rei da criação As coisas que a gente lhe ouve e tem de ser Mas na minha opinião Diz o pargo ao capatão Gostava de lhe dizer! Pois se a gente até se afoga! Grita a boga O homem tem estragado o ambiente! Dar cabo da criação, esse pimpão! Isso não é decente! Diz do seu lugar, tá mal! O carapau Porque por estes caminhos Certo vamos mais ou menos ficando todos pequenos Assim como o jaquinzinho! Diz então o camarão a certa altura Mas o que é que nós ganhamos por falar? Ó seu grande camarão! Pergunta então o cação Você nem quer refilar! Se quer morrer, diz a lula, toda fula Com a mania da cerveja dos cafézes Morra lá à sua vontade, que assim seja Para agradar aos fregueses! Diz nessa altura a sardinha para a tainha Sabe a última do dia? A pescadinha, já louca, meteu o rabo na boca O que é uma porcaria! Peço a palavra! Gritou o caranguejo Eu que tenho por mania observar Tenho estudado a questão E vejo a poluição Dia, noite a aumentar! Cai do céu a água pura e a criatura! Pensa que aquilo que é dele é monopólio! Vai a gente beber dela e a goela Fica cheia de petróleo A terra e o mar são pro cidadão Assim como o seu palácio! Se um dia lhe deito o dente Paga tudo, de repente Ou eu não seja crustáceo! É um tipo irresponsável! Grita o sável O homem, que tal aquele? Vai a proposta pra mesa Respeita a natureza! Ou vamos todos a ele! Vai a proposta pra mesa Respeita a natureza! Ou vamos todos a ele! Vai a proposta pra mesa Respeita a natureza! Ou vamos todos a ele!