Quando fechei a boiada, a noite ainda mostrava um resto de escuridão As juntas de boi treladas e o Sol lá na invernada iniciava o clarão Na guia preto e malhado, rochedo no cabeçalho ao lado do riachão Cabaça cheia com água e a matula preparada na trempe lá do fogão Arroz, feijão e quiabo, carne seca, ovo estalado, tudo num só caldeirão E pra merenda dois nacos, pra gente aguentar o taco, rapadura e requeijão Desci na cava da serra, peguei a estrada que leva com sentido ao grotão Eu tenho roça plantada naquela encosta da mata, dezoito litros de chão Não é de grande tamanho, mas sempre nela eu apanho uma grande produção Segunda-feira passada iniciei a quebrada com o meu filho varão Moleque que já tá feito, nós dois deitando de eito canas do milho no chão No dia de sexta-feira nós ajuntamos as bandeiras em montes de oitenta mãos Subí no alto da esteira, soquei no centro e na beira até não caber mais não Com manhas de candeeiro eu amarrei os fueiros pra suportar a pressão Então passei no chumaço o óleo que eu mesmo faço, mamona e pó de carvão Essa mistura que eu passo que faz o eixo de fato cantar melhor no cocão Lá na subida da serra vou ter que calçar com pedras as rodas do carretão Pra aliviar a boiada eu vou fazendo paradas sem nunca usar ferrão O Sol está bem baixinho a gente pega o caminho seguindo pro meu rincão!