Quando a tarde cai no chão da sala E a luz se deita sem pedir licença Lembro dos teus olhos de janela aberta Do riso que dançava na minha presença Te escrevi com o silêncio da rua No papel amassado do meu coração Cada linha uma tentativa tua Um olhar sem pedir perdão Os versos que te fiz, amor Foram mais do que canção Eram abrigo, eram calor Foram prece em solidão Se hoje o tempo nos levou Ainda guardo a cicatriz Do poema que não terminou Dos versos que te fiz Você era o som da chuva na telha Era o café que esfriava na mesa Fiz da saudade uma centelha E ardi em cada rima com firmeza Os versos que te fiz, amor Não cabiam num refrão Eram maré, eram furor Foram cais e furacão Se hoje o mundo nos calou Ainda escuto o que não diz O silêncio que rimou Com os versos que te fiz Não me peça pra esquecer O que nunca foi embora Cada palavra quer nascer Quando a lembrança chora Os versos que te fiz, amor São canções por um triz São pedaços do que sou São os versos que te fiz