Mais uma família dizimada no meio da rua Ninguém viu, ninguém ouviu nada Chacina, acerto de contas Nesta hora o medo toma conta Sempre a mesma história O medo cala a boca O medo tranca a porta O medo fecha a janela (bala perdida, alma inocente) O medo se esconde dentro de um guarda-roupa O medo reza Chuva forte em terra lisa Tanto cai, até que desliza Outro barranco vem abaixo Debaixo dele alguns barracos Muitas vítimas não serão encontradas Foram arrastadas vivas pela lama da enxurrada Muitos anjos não serão velados Foram sepultados enquanto dormiam, enquanto rezavam Algumas crianças dormem na esquina Preferem assim a voltar pra casa e ver o pai beber até cair Ou pra não apanhar como a sua mãe e terem que fugir Mas fugir pra onde? Pras esquinas (o amor não é violência) Pras escadarias de uma igreja vazia Abandonada por um Deus discrente no amor Que culpa têm de terem nascido neste mal dito lugar (aqui não é um doce lar) Onde a pobreza é crime e o julgamento é na rua Aqui se morre por doenças que há muito tempo tem cura Onde a pobreza é crime e o julgamento é na rua (Quem mais crimes comete é quem sempre sai impune) Aqui se morre por doenças que há muito tempo tem cura E a justiça é cega, surda, muda Mas nunca foi burra, nunca foi burra (pra quem foi feita esta lei?) ZYD 0900 190, esta é a sua rádio Atividade Novo Mundo Um pouco mais imundo do que antes Vocês vão ouvir agora um choro Um lamento... Um consolo O medo que não reza por ninguém Ele vai te consumir A morte que não perdoa ninguém Ela vai te perseguir O tempo que não espera ninguém Ele está sempre a partir Amor que não ama ninguém A não ser o amor que você sente por si mesmo