Gostaria de admirar as bétulas Tocar as coníferas da Noruega Passar o dezembro observando A oscilação azul verde da aurora Noites sem fim combinam mais comigo Do que o clima da minha cidade Talvez não me sentisse solitário Ouvindo meu kulning ecoando de alpe a alpe Porém, aqui eu me sinto Me sinto tão sozinho Nessas ruas de petróleo resfriado Com o respirar do solo a sufocar Aqui eu me sinto Restringido, coibido Queria estar no pico do Monte Hua Assistindo a via láctea dançar A areia que tocava meus pés aos nove Agora vou ter que pagar para entrar Atrás da casa de meu tio uma lagoa Que foi poluída até evaporar Ainda lembro de como as dunas refletiam a luz Piaba, sal e cais Aos 20, me arrependo de ter dito aos 11 Que ao Maranhão não voltaria mais Sonho em sair deste cubículo De trinta metros quadrados em cal Desprezo, desatendo o Burj Khalifa Intencionava ver a árvore imortal Porém, aqui eu me sinto Me sinto tão sozinho Tijolos à frente de minha janela Mais que o sentido visual a limitar Aqui eu me sinto Reduzido, oprimido A combustão me fez esquecer A sensação de respirar Já não vejo o céu acobreado Nem relâmpagos em minha face Me transportando a jupiter Tudo o que vejo é o suvinil, o cinza E o cadinho de céu Na chuva ácida desaparecerei