Eu fui um bom caçador mas não gosto de lembrar Porque perdi minha esposa na beira do pantaná Só ficou eu e o cachorro e um filhinho pra criar O cachorro era valente, ensinado pra caçar Mas pra mim era mansinho Parecia um gatinho Desses da raça angorá Lá naquela redondeza tinha uma onça pintada A tal onça que matou a minha esposa adorada O terror lá do sertão não caía na emboscada Eu jurei fazer vingança saí firme na caçada Pra sair rezei um terço Meu filho deixei no berço E o cachorro deixei de guarda Procurando aquela onça eu entrei na mata adentro Depois de andar bastante, parei, pensei um momento Eu tratei bem da criança, lhe dei bastante alimento Pro cachorro não dei nada, nem água e nem mantimento Se ele ficar com fome O meu filhinho ele come Foi esse o meu pensamento Abandonei a caçada, voltei pra casa chorando O cachorro ensanguentado veio logo festejando Você matou meu filhinho, seu criminoso tirano Dei dois tiro no cachorro, morreu na boca do cano Mas quando cheguei na porta Encontrei a onça morta E o meu filhinho brincando