Eu deixei minha casinha lá no meu interior O meu pedacinho de terra a herança de vovô Uma terra produtiva tinha casa de farinha Onde tudo que plantava tudo um pouco nós colhia Nossa casa era de taipa cobertura de Palhoça As parede era de barro alinhada e um pouco torta O fogão era a lenha e o filtro era de barro Mãe varria o terreiro e pai observava o gado Muita chuva e fartura e o verde do sertão Vou moer ração pro gado a pedido do patrão Já plantei milho e feijão, batata e macaxeira Muito queijo e qualhada já não é tempo de seca Lembro amanhecendo o dia meu pai já ligava o rádio Perto do fogão a lenha carne de Sol pendurado Mãe preparando o café depois nos vai pro roçado Vamos a limpar a roça e pai capinando com o gado Pra matar a nossa sede na cabaça levei água Com a enxada nos pinhaço a mão toda calejada Os açudes tudo cheio tomava banho de cuia E o lanche no roçado bolacha com rapadura Todo dia eu escrevo eu me lembro eu sou poeta Nunca esqueço minhas raízes sei quem é quem e quem não presta Tudo lá é mais difícil moro aqui na capital Qualquer dia vou visitar o povo da minha terra Natal Eu vou Eu vou Vou prosear O meu sotaque é nordestino Eu vou Eu vou Um dia eu vou voltar pro meu interior Eu vou Eu vou Vou prosear O meu sotaque é nordestino Eu vou Eu vou Um dia eu volto para o meu interior