Na boca da noite grande... O silêncio se enternece Uma cambona se aquece No braseiro do fogão Sinto brotar no rincão Um cantar de "nazarenas" E a noite fica pequena Na grandeza de um galpão Na boca da noite grande... Hai vida pelas canhadas Rumores das madrugadas E romances em pelegos Chinas que contam segredos E peões quem morrem nos braços Das que sofrenam mormaços Nos golpes suaves dos dedos.. Refrão Na boca da noite grande.. Fantasmas arrastam chilenas Índios de barbas melenas Chapéus de copa batida Homens de outras vidas Que habitam os galpões Reacendendo fogões Das madrugadas compridas.. Na boca da noite grande... Relembram lidas e vidas As chegadas e partidas Potreadas e corredores Velhos recuerdos de amores Que por mais que o tempo passe Se reacende e renasce No canto dos pajadores.. Na boca da noite grande As bruxas andam teatinas Nos potreiros trançam crinas Da cavalhada gaviona A noite é uma temporona E sempre será parceiro Porque meu canto fronteiro É pátria guitarra e cordeona Refrão Na boca da noite grande...