Um guri sentado no portal do rancho Dardejando os olhos pra o sem fim dos campos Viu um passarinho pousar na porteira E abrir o bico, redobrando um canto Brotou entre os lábios do guri solito Um assobio plageando o pássaro liberto Que, lá da porteira, pra o oitão do rancho Bateu asas, talvez pra ficar mais perto Mas do mesmo jeito que chegou cantando Alçou voo pra se perder do olhar Do guri que, então, ficou olhando o céu E uma lágrima não pode segurar Percebeu, enfim, que o cantar da ave Era belo e terno porque traduzia O viver liberto de quem faz seu rumo E, talvez, por isso, tenha poesia Conformou-se assim o guri que mesmo Desejando asas pra voar atrás Entendeu que aquele passarinho vive Pra não ser cativo, e pra cantar a paz Porque são as aves e seus belos cantos Que nem as gaiolas conseguem calar Um exemplo ao mundo que oferta amaras Mas nelas só fica quem quiser ficar