Meu par de esporas de ferro Parece que ainda escuto Um aporreado dos brutos Comigo saindo aos berros Pois essa lembrança encerro O pensamento de outrora Um beiçudo campo-a-fora O pala voando no espaço O tento auxiliando o braço E as pernas presas na espora O arco de ferro chato Para encaixar bem a bota Minha lembrança remota Reponta ainda algum fato São proezas que relato Dos tempos que eu era moço Um papagaio bem grosso Rosetas meio pequenas Iam cortado sem pena Da paleta até o pescoço Uma correia de tento Bem sovada na mordaça Mais ou menos meia braça Teria de comprimento É quem garante o sustento Do garrão ao tornozelo Hoje aprecio com zelo Minhas esporas cortadeiras As antigas comedeiras De sangue, couro com pelo E hoje vive parada No prego de uma parede Morrendo de fome e sede Por alguma gineteada Nas correias enroladas Como se fosse um troféu Juntamente com chapéu O tento e o pala amigo Que eu hei de levar comigo Pra ginetear lá no céu Que eu hei de levar comigo Pra ginetear lá no céu