Se me fosse concedido Pelo ser onipotente Que eu escolhesse um presente Algo de grande e querido O meu supremo pedido Seria voltar distância À primeira ignorância Mais doce do que uma flor Eu pediria ao senhor Que me devolvesse a infância! Eu não queria dinheiro Nem fortuna nem saúde Mas aquela alminha rude De piazito missioneiro Ao pé do fogão campeiro Do velho pago avoengo Ouvindo o vento andarengo Senhor do tempo e caminho Contando - devagarzinho Histórias do diabo rengo Sentindo a fumaça crua Que faz chorar de brinquedo Meio arrepiado de medo Dos duendes da pampa nua E o beijo da mãe charrua Mais doce que um caramelo Naquele doce desvelo Que de ternura se esvai E a mão amiga do pai Me esparramando o cabelo!