Vou chegando e me pergunto E ao mesmo tempo respondo Sou verso chucro, redondo Cantado de contrapunto Assunto é qualquer assunto Tenho sempre inspiração Isto, irmandade, é o meu chão Meu cartão de identidade Venho matar a saudade E dar pasto ao coração Ao relembrar minha infância Tão longe que nem a vejo Lá, maula, tenho desejo De enrodilhar a distância Trazer meu galpão de estância Que a memória não apaga É plata que não se paga Na sina de perdulário Mas eu morro milionário Me sobrou São Luiz Gonzaga Recordo tempos perdidos Que repontei no sinuelo E como custou fazê-lo Tantos anos decorridos Chego a ouvir os alaridos Num destampar de janeiro Quando o mestre do terrero Floreava o último canto Cumpri meu destino santo Que era nascer missioneiro Diz que a parteira, uma tchanga Dessas da trança torcida Vaqueanaça e atrevida Me deu um banho na sanga Pois macho não encaranga Por mais flaquito que nasça Piazito baio fumaça De longe se ouvia o choro E fui deixado pra touro Tinham confiança na raça De volta ao pago sagrado Donde nunca me apartei Al cabo conta me dei Como está tudo mudado Vejo o destino traçado Que o velho tata riscou Mimalma chucra chorou Tantos amigos viajaram E os outros que se extraviaram Em breve também me vou Quando eu me for, indiada Não quero mágoa nem choro Não vai faltar um índio touro Há tantos nesta invernada Um Deus te salve, mais nada Quando souberem, morreu Já podem saber que eu Esbanjei tantos carinhos Ando a campear nos caminhos O que eu quis ser e não deu