A Casa Grande é branca e branda como a seda Acolchoada, fina e nobre como a renda Mas aqui fora reina a lei da reprimenda Da palmatória, nossa paga, nossa prenda, ai, ai! Doutores, caros, fortes, ricos e senhores Que suspirais pelas janelas dos amores, Rogai por nós, marcados por terríveis dores, De vós vêm nossas esperanças e temores... Os nossos corpos sendo mortos pouco a pouco Os nossos sonhos já desfeitos, todos loucos Na Casa Grande há uma cruz numa parede... No coração de um negro há uma Casa Nova, Sem palmatória, sem corrente obrigatória, Sem mais senhores, todos são, de todo, amigos E nas paredes não há cristos esquecidos... Nessa fazenda Deus é gente aproximada, É dia inteiro, tarde, noite e madrugada, Motivo, encontro, comunhão e caminhada, Faz liberdade ser bem mais que uma palavra, Ai, ai! Os nossos corpos redimidos num momento Bem mais veloz que a luz de todo pensamento A nossa Casa é muito mais que uma fazenda Os nossos corpos redimidos num momento Bem mais veloz que a luz de todo pensamento A nossa vida é muito mais que uma fazenda