Dorival Caymmi falou pra Oxum Com Silas tô em boa companhia O céu abraça a terra Deságua o rio na Bahia Dorival Caymmi falou pra Oxum Com Silas tô em boa companhia O céu abraça a terra Deságua o rio na Bahia Brasil, ô ô Brasil, ô ô Jeje, minha sede é dos rios A minha cor é o arco-íris Minha fome é tanta Planta flor, irmã da bandeira A minha sina é verde-amarela Feito a bananeira Ouro cobre o espelho esmeralda No berço-esplêndido a floresta em calda Manjedoura d'alma Labarágua, sete quedas em chama Cobra de ferro, Oxumaré Homem e mulher na cama Brasil, ô ô Jêje, tuas asas de pomba Presas nas costas com mel e dendê Aguentam por um fio Sofrem o bafio da fera O bombardeiro de Caramuru A sanha da Anhanguera Jêje, tua boca do lixo Escarra o sangue de outra hemoptise No canal do mangue O uirapuru das cinzas chama Rebenta a louça, Oxumaré Dança em teu mar de lama Dorival Caymmi falou pra Oxum Com Silas tô em boa companhia O céu abraça a terra Deságua o rio na Bahia Dorival Caymmi falou pra Oxum Com Silas tô em boa companhia O céu abraça a terra Deságua o rio na Bahia Brasil, meu Brasil brasileiro Ah! Abre a cortina do passado Tira a mãe preta do cerrado Bota o rei congo no congado Cantar de novo o trovador À merencória luz da Lua Toda canção do seu amor Quero ver essa Dona caminhando Pelos salões, arrastando O seu vestido rendado Esse coqueiro que dá coco Aonde eu amarro a minha rede Nas noites claras de luar Oi, essas fontes murmurantes Onde eu mato a minha sede Onde a Lua vem brincar Esse Brasil lindo e trigueiro É o meu Brasil brasileiro Terra de samba e pandeiro Brasil, terra boa e gostosa Da morena sestrosa De me olhar indiferente O Brasil, samba que dá Para o mundo se admirar O Brasil do meu amor Terra de Nosso Senhor Brasil, terra de Nosso Senhor Brasil, terra de nosso amor Há muito tempo nas águas da Guanabara O dragão do mar reapareceu Na figura de um bravo feiticeiro A quem a história não esqueceu Conhecido como navegante negro Tinha dignidade de um mestre sala E ao acenar pelo mar da alegria das regatas Foi saudado no porto, pelas mocinhas francesas Jovens polacas e por batalhões de mulatas Rubras cascatas jorravam das costas Dos santos entre cantos e chibatas Inundando o coração do pessoal do porão Que a exemplo do feiticeiro gritava (o quê, gente?) Glória aos piratas, às mulatas, às sereias Glória à farofa, à cachaça, às baleias Glória a todas as lutas inglórias Que através da nossa história Não esquecemos jamais Salve o navegante negro Que tem por monumento As pedras pisadas do cais Mas, Salve! Salve o navegante negro Que tem por monumento As pedras pisadas do cais Mas faz (Muito tempo)