Não tenho pressa e nem penso em ter mais pressa Vou no meu tranco como boi na verga vai Esse meu jeito meio rude falquejado Herdei da vida e um pouco de meu pai Trago lembranças das grandes matarias Das águas puras e das sangas sossegadas Dos vales férteis das serras e dos campos Da natureza que era ainda respeitada E sinto cheiro de terra após a chuva E tantas flores perfumando sem cobrar Do pão de forno, do apojo e da canjica Da pitanga, da tuna e do araçá E há em mim uma saudade latejando Vozes de pássaros pedindo pra cantar Gritos de bichos, sementes pequeninas A espera de que possam germinar Hoje a ambição fez pousada à minha volta Plantou desertos em sementes traiçoeiras Cria enjeitada do progresso que importamos Batendo palmas a ganâncias estrangeiras Só temos pressa, e mais pressa pra ter pressa Receita louca que inventamos pra morrer De neuroses e calmantes pesticidas Matando a vida que esta doida pra viver