Quando a manhã nasce no fundo de minha alma E o urutau grita que o dia vai chegar Uma cantiga nas ramagens do arvoredo Ensaia coros no cantar dos sabiás As revoadas inquietas dessas aves Misto de canto e o bater de suas asas Trazem reprises comoventes de soldados Que vão pra guerra e nunca mais volta pra casa Há se entendesse o cantar do João barreiro E a seriema que cantava no verão As andorinhas que revoavam nessas tardes Só resta uma que guardei no coração O amanhecer ganha esses sons do passado Tal qual a trilha de um coral em cantoria Como se fosse a natureza em sua ronda Para guardar as emoções de novo dia Se não se esquece de tanta dor de uma saudade De quem se foi é só ficou no coração Os passarinhos sempre cantam a procura Das companheiras que caíram no alçapão