A história que gente vos quer contar
aconteceu um dia em Lisboa
aonde o tempo corre devagar
Chegamos era cedo à ribeira
ainda todo o peixe respirava
e a outra carne aos poucos definhava
o gemido do cordame das amarras
juntava-se ao lamento dos porões
e o que nos chega fora são canções
a gente viu sair muita gente que dançava
um estranho bailado em tom dolente
marcado pelo bater das corrente
anda linda
vamos pra ver se é verdade
que lá se pode ouvir cantar
anda linda
vamos ao poço dos negros
pra ver quem pode lá morar
mais tarde fomos ter àquela parte da cidade
que é mais profunda do que maré baixa
e a lua só visita por vaidade
De novo a estranha moda se dançava
agora com suspiros de saudade
agora com bater de corações
anda linda ...
batiam-se com barriga e roçavam-se nas coxas
os corpos já dourados de suor
e as bocas já vermelhas dos amores
quisemos nós saber qual é o nome desta moda
respondeu-nos um velho já mirrado
lundum mas se quiserem chamem-lhe fado
anda linda ...
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