Acobertado pelo manto da noite Num faz de conta da lida campeira Enquanto sonhava ser peão já taludo No céu eu campeava a sinuela boieira E as outras estrelas pra mim gado miúdo Pensava encerrar na Lua mangueira Fazia nos dedos a conta dos anos Que ainda faltavam pra ser homenzito Pinchar o pingo sem toso e sem marca E sair a lo bruto gineteando solito Tinindo as chilenas com pose monarca Tornando real o meu sonho bendito Tinindo as chilenas com pose monarca Tornando real o meu sonho bendito De vereda, faceiro, cheguei na idade Que três ontonte ainda era anseio E arisco e fogoso eu mais parecia Um potro inteiro laçado do meio De rusgas com a vida, ajoelhei certa feita Em salobre cacimba e mirei minha imagem No espelho d'água de verde moldura Vi um velho campeiro que a sede saciava Era o tempo sem dó, debochando do peão Que piá calça curta os astros tropeava Era o tempo sem dó, debochando do peão Que piá calça curta os astros tropeava Deixei partilhada na lonjura dos campos Aos peões que o destino legou meus pedaços A herança sagrada de respirar liberdade Capital ideal dos que vivem dos braços Os apêlos do flete, relíquia sem preço Emalei no poncho e cambiei pra cidade E as vezes domando recuerdos manheiros Corcoveia em meu peito a potranca saudade E as vezes domando recuerdos manheiros Corcoveia em meu peito a potranca saudade De rusgas com a vida, ajoelhei certa feita Em salobre cacimba e mirei minha imagem No espelho d'água de verde moldura Vi um velho campeiro que a sede saciava Era o tempo sem dó, debochando do peão Que piá calça curta os astros tropeava Era o tempo sem dó, debochando do peão Que piá calça curta os astros tropeava Que piá calça curta os astros tropeava Que piá calça curta os astros tropeava