Eu canto a galope, ninguém me humilha Falando bem simples mantendo o respeito Na rua, na praça, no beco estreito Cantando o sertão, minha maravilha Honrando o nome da minha família Tem coisa bonita pra gente rimar E tendo a viola pra a gente tocar E o verso rolar lá de cima do horto E cair no chão do cais do meu porto Cantando galope na beira do mar Cantando por dentro do vocabulário Da literatura meu verso saiu Passando por dentro da boca e caiu No mundo que vejo como visionário Sem ter remetente nem destinatário Sem ter o caminho pra poder passar Juntando história pra poder contar Ficando mais rico, mais forte e mais belo Só pra construir só de rima um castelo Cantando galope na beira do mar Com um muro alto e muita largura De ferro, de pedra, cimento e concreto Com portas de aço batendo no teto Com um vigilante armado à largura Com amor no peito, com jeito e brandura Com faca de doce, com mel pra tomar Remédio pra fome nunca mais matar Gentil, carinhoso, honesto e direto O gesto de amor é o seu predileto Cantando galope na beira do mar No nosso castelo a porta é aberta Não entra só um, entra dois, entra três Eu peço ajuda e convido vocês A me ajudar a fazer a coberta Com o ritmo todo da música certa E fazer um quarto pra a gente deitar Nos braços da vida pra a gente sonhar Com um mundo melhor, tranquilo e feliz Onde a gente possa pintar o nariz Cantando galope na beira do mar Depois de estar feito o nosso castelo Eu pego a viola e faço uma festa Tocando repente, canção e seresta Fazendo improviso, cantando martelo A conta da festa eu pego e cancelo Aqui não há conta pra a gente pagar Tem banho de poço, de rio e de mar Tem água de mar, de rio, de poço Pra lavar a alma sem muito esforço Cantando galope até se acabar