Costurar outra cor Sobre nossa pele preta Esquecer o que é dor Se calar, não ter mais pressa Levantar entre nós Muro branco Stop Ebola Respirar gás letal E morrer jogando bola Vítima Do próprio mal Íntima Do Mal feitor Tão Ínfima Quem vai querer olhar Na ferida escancarada e se reconhecer? Olhar na ferida escancarada e se Ver sangrar, outro mar Nas calçadas do planeta? Fome igual A quem só Come ódio nessa festa Pai e mãe África Olhe os olhos dessa gente Como pode querer, se chamar um dia Gente? Vítima Do próprio mal Íntima Do Mal feitor Tão Ínfima Quem vai querer olhar Na ferida escancarada e se reconhecer? Tribunais, Capitais Nas sarjetas da cidade Justiçái nosso gesto de amor e coragem Arrancái nossas mãos sem pudores nem clemência E depois vão dormir leves com a consciência Límpida Cheia de paz Digna Nenhuma dor Impávida De cima é impossível Olhar aqui pro chão E nos reconhecer De cima, olhar aqui pro chão Há de vir, outro céu Nós batuques desse canto Cada canto daqui Tem um tanto de acalanto Mas não façam dormir Quero olhos bem abertos Para ver, ressurgir Toda glória do teu manto África Vitoriosa mãe Do Sol E dessa terra Venha ver O que restou de nós E assinar a cicatriz Assinar a cicatriz