O seu moço que veio da cidade, chega mais, vem entrando pra cá Não repare minha casinha é simples, mas aqui tem tudo que ocê precisar Vou te dar um cafezinho quente, que a muié acabou de coar Tem também umas quitandas da boa, num faça desfeita cê tem que provar E enquanto ocê bebi o café, minha vida da roça deixa eu te contar Eu plantei um pouco de sementes e colhi milhares de grãos As mãos de Deus regou minha terra o milagre da vida é a multiplicação Uma parte eu guardo pra plantar, e a outra eu tiro pra comer E ainda me sobrou bastante, que eu posso doar, barganhar e vender Nessa terra não me farta nada, eu tenho o bastante pra sobreviver Da cana eu tiro o melado, que adoça a broa de fubá E o resto do caldo eu fermento e faço uma pinga boa pra gente tomar Esse é o motivo o segredo de nóis viver quase cem anos Nóis vive saudável na roça e o povo da cidade vive se estressando Por isso é que eu vivo tranquilo no meio dos grilos aqui no meu recanto Minhas vaquinhas da leite adoidado, nóis faz queijo, doce e requeijão Tem vaquinha que da tanto leite que as tetas da bicha quais bate no chão Nóis da roça fica abismado e nóis vive aqui se perguntando Comé que essas caixas de leite d'ocêis da cidade dura quase um ano? Se o nosso leite aqui da roça dum dia pro outro já tá azedando Agora que já tomou seu café, se quiser esperar o almoço Minha muié tá fazendo galinha e na lata nóis te muita carne de porco E quando o senhor voltar pra cidade, vê se alembra do que eu te falei Conta pros seus amigos grã-finos; do gado e a lavoura fui eu quem cuidei Que a carne saiu do meu pasto, e os grãos que ocês come fui eu que plantei